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Eunuquismo e Homossexualidade: uma releitura bíblica






O Perigo do Retrocesso Político



                                                                                                         Por Alexandre Feitosa
Nunca assuntos polêmicos estiveram em tamanha evidência como neste momento eleitoral. Os candidatos à presidência, pisando em ovos, evitam falar aberta e francamente sobre questões relacionadas aos direitos civis dos homossexuais no Brasil. Pressionados pela força religiosa, tanto do lado católico quando do lado protestante, Dilma Rousseff e José Serra produzem pontos de vista esquivos, com pouca ou nenhuma convicção política relevante.
                Quando à união civil homoafetiva, ambos se dizem a favor dos direitos – como o previdenciário, por exemplo – mas quanto ao casamento, esquivam-se, deixando a responsabilidade para as igrejas. José Serra vai mais além e diz que tais direitos já são reconhecidos e aplicados pelo judiciário brasileiro, evidenciando, nas entrelinhas, que não pretende concretizar e ampliar tais direitos em nível nacional.
                Ambos os candidatos tornaram-se reféns da grande massa religiosa homofóbica brasileira, principalmente a candidata petista, exaustivamente sabatinada com a questão do aborto. Com cada vez mais políticos engajados em defender doutrinas religiosas em detrimento dos direitos humanos, estamos vivendo o início de um fundamentalismo religioso comparável mesmo às nações islâmicas mais brandas. E o pior é que a Igreja diz “amém” a toda e qualquer tentativa de tornar o Estado verdadeiramente laico, com governabilidade para todos os cidadãos.
                Os cristãos inclusivos não podem se calar ou se omitir diante desses fatos. O sensível declínio de Dilma Rousseff nas pesquisas encontra raízes na alienação religiosa que faz de seus fiéis massa de manobra facilmente manipulável. Calúnias, mentiras e difamações sobre a candidata petista abarrotam nossas caixas de e-mail, demonizando-a ao extremo. Infelizmente, muitos, principalmente cristãos, acreditam em tais afirmações infundadas, perpetuando a falta de senso crítico e a crença cega em líderes sem visão de justiça social.
                O atual governo já sinalizou positivamente com programas como “Brasil sem homofobia”, algo inédito em governos anteriores. O mais sensato, portanto, é que enquanto cristãos inclusivos, apoiemos a continuidade do atual governo na figura de Dilma Rousseff.  Por motivos já expressos, devolver o governo ao PSDB pode significar a estagnação de nossos direitos ou mesmo o retrocesso deles. Além do mais, a bancada de Dilma conta com a maioria tanto no Senado quanto na Câmara, o que garantirá mais fluidez em suas ações e decisões políticas.
                Enquanto Igreja, proclamemos a urgência de políticas públicas comprometidas com a justiça social e com a igualdade de direitos. Não nos deixemos levar como a grande massa dominada, acrítica e alienada. Não troquemos o certo pelo duvidoso.
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Bíblia e Homoafetividade I


Introdução

 Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar,
para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça
;
1 Timóteo. Capitulo 3.versiculo 16
O curso bíblico Bíblia e Diversidade Sexual será apresentando em seis temas.
1 – Gênesis – A Criação
2 – A verdade sobre Sodoma e Gomorra;
2 – Levíticos e Deuteronômio: a prostituição cultual;
3 – Evangelhos: Jesus Cristo e a diversidade;
5 – Romanos: idolatria regada a orgias;
6 – Coríntios e Timóteo: prostituição e abuso entre homens.

                 Gênesis – A Criação

Criação de Adão – Michelangelo
Pesam sobre nós as acusações de que distorcemos a Palavra de Deus como apoio aos nossos interesses e objetivos. Em virtude disso, em nossas e reflexões, lançaremos mão das principais regras da Hermenêutica, ciência responsável pela análise, compreensão e interpretação das Sagradas Escrituras.
É comum ouvirmos a frase, em tom sarcástico: “Deus criou Adão e Eva e não Adão e Ivo; Deus criou homem e mulher.” Não temos dúvida de que tal afirmação é verdadeira, os homossexuais ou são homens ou mulheres. Fomos todos feitos à imagem e semelhança do Criador! Aleluia!
“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem e semelhança, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” Gênesis 1.27
A sexualidade humana é algo complexo e vai além das noções de masculino e feminino, vai além da noção de homem e mulher. No ato da criação, observamos uma das principais funções do seres humanos naquele momento: a procriação e o povoamento da Terra.
“E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a…” Gênesis 1.28a
Diante desse fato, concluímos que o texto de Gênesis é uma descrição do que se vê como padrão para a maioria e não uma prescrição daquilo que deve ser obedecido por todas as pessoas, até porque seria natural hoje em dia que irmãos se casassem com irmãos, o que não é natural nem aconselhável. Da mesma forma, surgem outras questões: Será que os que escolhem permanecer solteiros estão em pecado por não se casarem? Será que as pessoas inférteis estão em pecado por sua incapacidade de gerar filhos e encher a terra? Certamente que não. O contexto envolvido na criação é único, a realidade atual é um contexto bem diferente daquele. Transportar a descrição do Gênesis como regra para os dias atuais seria uma incoerência. Deve-se levar em conta, também, o fato de que a Bíblia foi escrita num contexto patriarcal, culturalmente heterossexualista.
Muitos homossexuais, desconhecendo certas verdades bíblicas, motivados pelas crenças generalizadas do Cristianismo tradicional, entregam-se ao casamento heterossexual, têm filhos, têm companhia, agem conforme o texto do Gênesis, mas são infelizes, pois lutam contra um sentimento que lhes é inerente, lutam contra uma situação que lhes foi imposta pela sociedade, abrem mão de suas necessidades para satisfação da família, dos amigos, da igreja. O resultado disso é a infelicidade, a frustração e, em muitos casos, infidelidade e depressão. O próprio Jesus afirmou que o casamento heterossexual não era para todos:
“…Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” Mateus 19.10, 11 e 12
Sobre essas palavras de Jesus, trataremos posteriormente.
Todos os homens são obra das mãos de Deus, independentemente de sua afetividade, de seus sentimentos. Será que Deus criaria alguns predestinados à condenação? Ao inferno? Certamente que não. Os avanços da ciência já comprovam que a sexualidade não é algo adquirido ou aprendido. Quem ensinaria seu filho a ser gay ou quem escolheria essa condição em uma sociedade tão preconceituosa? Ninguém, certamente. Assim como a heterossexualidade, a homossexualidade é inerente ao ser humano. Nem todos, porém, são homossexuais em sua essência. Há casos em que pessoas heterossexuais se envolvem em práticas homossexuais motivadas por vários fatores que não a sua sexualidade inata. Abordaremos isso quando chegarmos às Cartas Paulinas.
Todas as pessoas são capazes de amar outra, com intensidade, com sinceridade. O amor e a capacidade de amar provêm de Deus:
Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 1João 4.7
O que Deus condena é a fornicação, a prostituição e todo pecado que visa somente à satisfação física e carnal. Deus jamais condenaria o amor entre iguais, uma relação baseada em consentimento mútuo, fidelidade, respeito e sentimento. Portanto, não tenha medo, nem se sinta fora do plano de Deus para sua vida afetiva! Não se prive de vivenciar o amor, pois o amor vem de Deus! Aleluia!